São mais de 30 plantas medicinais cultivadas e que estarão à disposição da população na rede SUS. Indústrias farmacêutica e de cosméticos também podem ser atraídas para a cidade
Uma das maiores farmácias vivas do Brasil foi aberta, na manhã desta quinta-feira (4), em Maricá. Parte do projeto Farmacopeia Mari’ká, o espaço tem 4 mil m² onde são cultivadas 30 espécies de plantas medicinais. A coleção de ervas segue em expansão e, em breve, a população da cidade poderá receber a indicação de uso de fitoterápicos como chás e pomadas na rede pública de saúde.
A Farmácia Viva fica na Fazenda Nossa Senhora do Amparo, que pertence à Companhia de Desenvolvimento de Maricá (Codemar) e integra uma cooperação da empresa com a Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ). Uma série de projetos com pegada ambiental é desenvolvida no imóvel, situado no Caju.
“São 200 hectares onde cultivamos um futuro melhor para Maricá. Porque não adianta ter empresa e emprego sem conservar o meio ambiente. Aqui se desenvolve uma relação com a natureza que é ancestral e que vinha se perdendo diante dos remédios industrializados. A porteira da fazenda estará aberta para que a população de Maricá tenha acesso aos fitoterápicos e toda a assistência para usá-los, com apoio de profissionais de saúde”, afirmou Hamilton Lacerda, presidente da Codemar.
Nova economia
A Farmácia Viva e o Farmacopeia Mari’ká têm outra missão além de melhorar o nível de saúde da população. Pequenos produtores rurais estão recebendo qualificação para também produzir plantas medicinais. Eles poderão utilizar os laboratórios da fazenda para a extração de óleos essenciais e até vender a produção para empresas de fármacos e cosméticos.
“Maricá entrará para a lista de cidades produtoras de erva cidreira, guaco, lavanda, erva baleeira, camomila e tantas outras que são interessantes princípios ativos de medicamentos. Vai melhorar a qualidade de vida no tratamento constante da saúde, na promoção da agroecologia e do desenvolvimento econômico também”, garantiu o professor e engenheiro agrônomo João Araújo, coordenador do projeto.
Resgate ancestral
O projeto da Farmacopeia Mari’ká é mais amplo que o cultivo e a criação de laboratórios para beneficiamento e manipulação das ervas medicinais. Uma equipe de sociólogos e antropólogos participa ativamente da busca e do resgate do conhecimento tradicional sobre plantas locais e seus preparos para amenizar doenças em geral, como explicou César Augusto da Ros, vice-reitor da UFRRJ.
“É um contraponto àquilo que a gente convencionou chamar de medicina tradicional (de drogarias), buscando o conhecimento ancestral das comunidades tradicionais. Este é um projeto multidisciplinar, de conhecimentos agrários, mas também de ciências humanas. E isso vai impactar profundamente no desenvolvimento de Maricá, uma cidade que junto com a universidade e com o SUS está apontando soluções para a saúde do nosso povo”, disse.
Cura pelas plantas
Alecrim – para o fígado e depressão
Aroeira – azia, gastrite e cistite
Arruda – dores reumáticas e varizes
Camomila – calmante, indutora do sono
Capim limão – estresse, ansiedade
Capuchinha – antibiótico, tônico e digestivo
Carqueja – pressão e diabetes
Cavalinha – diurético, osteoporose
Citronela – repelente, aromaterapia
Endro – imunidade, anemia
Erva baleeira – anti-inflamatório, dores
Erva cidreira – pressão alta, vitaminas B e C
Guaco – tosse, asma, bronquite
Hortelã pimenta – reduz gases, digestivo
Jaborandi – glaucoma, tônico capilar
Lavanda – ansiolítico, aromaterapia
Losna – vermífugo, gases
Macela – relaxamento, estresse
Manjericão – enxaqueca, insônia, acne
Maricá – asma, bronquite, febre
Menta – detox, respiratório
Orégano – imunidade, cólica menstrual
Pitanga – diabetes, vitaminas A, B e C