A Prefeitura de Maricá inaugurou nesta quinta-feira (25) os dois primeiros tanques para criação de camarões do Ciamar (Centro de Inovação e Aquicultura de Maricá), na Fazenda Pública Joaquim Piñero, no Espraiado. Trata-se de uma técnica para cultivar camarões muito saudáveis. Eles são 60% mais resistentes que os criados de maneira tradicional. Por isso, são também mais lucrativos para os produtores.
O que torna os camarões mais resistentes é o uso de bioinsumos. São micro-organismos, seres invisíveis que fazem o tratamento da água. É tudo natural, sem componentes químicos e inofensivo para animais, plantas e pessoas.
A técnica foi desenvolvida pelo Ciamar – uma parceria entre a Prefeitura de Maricá, por meio da Codemar (Companhia de Desenvolvimento de Maricá), e a UFF (Universidade Federal Fluminense). O centro é administrado pela Biotec Maricá, uma subsidiária da Codemar.
Na inauguração, o prefeito Fabiano Horta lançou as primeiras larvas dos camarões, que vieram do Rio Grande do Norte. Cada tanque tem 22 metros de diâmetro e capacidade para 400 mil litros de água.
“Maricá já foi o maior produtor de camarões do estado do Rio de Janeiro nas décadas de 1950 a 1970. Nossa cidade protagonizava a produção de camarão nas nossas lagunas e, hoje, aos nossos 209 anos, estamos fazendo para muito além da indução econômica que essa cadeia produtiva vai gerar. O conjunto de valores e novas empresas vão estar orientados a partir desse trabalho de desenvolvimento. Isso aqui vai ser indutor da cidade de Maricá vinculado à produção alimentícia. Produtores de Maricá vão ter, aqui, referência de um tipo de produção que vai construir a partir daqui uma cadeia para além das fronteiras da Codemar e do desenvolvimento que vocês estão criando”, analisou o prefeito de Maricá, Fabiano Horta.
Além dos dois tanques já prontos, outros oito estão sendo finalizados. A primeira despesca (quando os camarões estão prontos para o consumo) vai acontecer em cerca de três meses.
A produção tem alto rendimento, trazendo ótimo custo-benefício para a cultura dos camarões, que são crustáceos muito sensíveis e de difícil manuseio.
“Gostaria de dizer que esse centro, que nós chamamos de Ciamar, é um dos grandes projetos que são desdobrados das ações da Codemar, sempre tendo ao nosso lado, o presidente da Biotec, Eduardo Britto. Nesses tanques têm 100 mil camarões, que daqui a 120 dias, vão estar prontos. Em nosso modelo de negócio, pensamos não apenas na técnica de produção, mas também na pós produção de camarão. Se queremos promover o desenvolvimento econômico, a missão da Codemar é profissionalizar e dar eficiência a essas ações. Na semana que vem vai ser dado a ordem de início para a construção da fábrica de ração. A ração vai servir tanto para tilápia quanto para o camarão, mas haverá excedente para que nós possamos entrar nesse negócio de ração, com os bioinusmos produzidos na Biofábrica. Será uma ração altamente vitaminada, diferenciada do que existe no mercado brasileiro hoje”, pontuou o presidente da Codemar, Hamilton Lacerda.
Os micro-organismos são feitos pela própria Biotec, na Biofábrica, que fica em Maricá. Outra parte é cultivada dentro dos próprios tanques num processo chamado de maturação da água e que acontece antes do lançamento das larvas.
“A Biotec foi inaugurada em 25 de maio do ano passado, no dia que apresentamos este projeto e hoje ele começa a ser entregue. É o primeiro passo que a Biotec dá para a construção da diversificação da base produtiva de Maricá. Não queremos entregar apenas um produto, é tecnologia e conhecimento produzido. Maricá hoje produz conhecimento que pode ser transformado em negócios. Dividendos que são reinvestidos no município. O conhecimento que a gente utiliza para revitalizar a lagoa, são os mesmos microorganismos que serão utilizados aqui para o tratamento da água, essa também é uma grande inovação. Queremos mostrar pro mundo que é possível produzir camarão no entorno de grandes cidades”, afirmou o presidente da Biotec, Eduardo Britto.
Os crustáceos criados pelo Ciamar são conhecidos como camarões do Pacífico. O nome científico é Litopenaeus vannamei. Podem chegar a 23 centímetros de comprimento, com uma carapaça de 9 centímetros. Cada tanque pode produzir até 3 toneladas a cada ciclo.
“A possibilidade de produção de camarões longe do mar, com uma troca zero de água. Por que a gente consegue não trocar água? Existem sistemas, – ou seja, micro-organismos -, dentro do tanque, que fazem a ciclagem, o ciclo, de alguns nutrientes necessários para os camarões. Então a gente consegue produzir eles sem ter que trocar, renovar essa água. A água continua boa para eles por conta desses micro-organismos que estão ali dentro. Logicamente, monitorando todos os parâmetros: temperatura, salinidade, assim como alimentação de qualidade para eles. Em quatro meses a gente já tem um resultado”, finalizou o coordenador do Ciamar, Khauê Vieira.