Centenário de Berta Ribeiro é celebrado no Museu Casa Darcy Ribeiro

Seminário Imagens do Futuro convida para reflexão sobre legado deixado por antropóloga

O percurso de vida da antropóloga e etnóloga Berta Gleizer Ribeiro está sendo celebrado no Museu Casa Darcy Ribeiro, em Cordeirinho, no mês em que completaria 100 anos de vida.

Imagem: Julios Costa

A comemoração integra o Seminário Imagens do Futuro, que faz parte do programa de pesquisa, formação e produção do Museu. As atividades iniciaram nesta sexta-feira (18) com o “Berta, Presente!”, um debate que refletiu sobre a vida dedicada ao pensamento dos povos indígenas.

O projeto acontece até domingo (20/10), em uma iniciativa que convida os participantes para uma profunda reflexão sobre a obra de Berta e seu legado.

Segundo a Diretora Técnica da Fundação Darcy Ribeiro, Elizabeth Brêa, três características são fundamentais para a compreensão de quem foi Berta Ribeiro: a disciplina, o compromisso político e o reconhecimento do conhecimento indígena através do compartilhamento acadêmico.

“Bertha foi uma antropóloga muito reconhecida, muito disciplinada e com uma atuação política muito grande não só com relação à participação das mulheres na ciência, mas também pela demarcação das terras indígenas. Uma outra característica que eu gostaria de ressaltar é o reconhecimento ao conhecimento indígena e o compartilhamento desse conhecimento. Ela foi uma mulher que deu autoria aos povos indígenas e o reconhecimento do artesanato como arte indígena com uma linguagem visual repleta de significados sociais e mitológicos que expressam identidade. Berta é atualíssima! “, comemora.

Para o Diretor de Economia Criativa e Sustentabilidade da Codemar (Companhia de Desenvolvimento de Maricá), Sady Bianchin, este evento é um instrumento para colocar Maricá no mapa cultural do Brasil.

“A casa abriga o maior acervo da pesquisadora Berta Ribeiro, que é uma referência no campo material dos povos indígenas. Estamos construindo um museu vivo com a presença de povos originários e com a população participando dos debates para que a consciência crítica seja o norteador das políticas públicas da Codemar”, explica.

Participaram ainda da mesa de abertura a Assessora Educacional da Secretaria Municipal de Educação de Maricá, Carolina Potiguara, a Diretora da Escola Indígena Guarani Para Poty Nhe’ Ë Já, Martinha Mendonça e a Coordenadora do Museu Casa Darcy Ribeiro, Giulia Rodrigues.

Apropriação indígena

Com uma saudação em tupi, a indígena Carolina, de ascendência Potiguara da Paraíba, conta que se dedica a disseminar seu conhecimento na área e atualmente se dedica a diversas áreas de pesquisa, incluindo linguística, identidades étnicas, territórios culturais e direitos das mulheres indígenas.

“Berta soube traduzir na sua escrita o nosso universo indígena, do cotidiano das aldeias. Você passa a conhecer e entender esse mundo tão diverso dessas 305 etnias e 274 línguas desse território riquíssimo em cultura. Suas palavras são do nosso presente. Berta Ribeiro e povos indígenas são conhecimento sagrado”, analisa.

DJ indígena Cris Pantoja

O evento finalizou com uma apresentação da DJ indígena Cris Pantoja, que toca samba raiz, coco carimbó e músicas de rituais indígenas, sempre vestindo ornamentos, como maracás e artesanato, exaltando suas raízes.

Sua mãe é da etnia Sateré-mawé e morava numa comunidade ribeirinha, na Amazônia, no Pará, e depois veio para o Rio de Janeiro.

Inscrições

O Seminário Imagens do Futuro: Centenário Berta Ribeiro é gratuito mas requer inscrição que pode ser feita pelo site https://bit.ly/CentenárioBertaRibeiro. É preciso emitir um tíquete para cada dia de participação. Haverá transmissão pela internet. O  Museu Casa Darcy Ribeiro fica na Rua Darcy Ribeiro 395, Cordeirinho, Maricá (Antiga Rua Cento e Dezenove).

19/10 (Sábado)
11h – Painel com transmissão ao vivo on-line: “‘Antes o Mundo Não Existia’: Cosmopolítica Indígena em Tempos de Crises” com Carlos Tukano (principal mentor indígena no planejamento da Aldeia Maracanã), Daiara Tukano (artista e ativista indígena) e mediação de Bianca França (Doutora em História, Política e Bens Culturais pela FGV).

14h30 – Oficina Sonora com Dauá Puri, contador de histórias, músico, escritor, compositor e arte educador.

17h – Cine Quintal com a exibição dos filmes: “Javyju”, direção de Carlos  Eduardo Magalhães e “Para Berta, Com Amor” com roda de conversa com a diretora Bianca França.

20/10 (Domingo)
11h – Painel com transmissão ao vivo on-line “Cultura Indígena Contemporânea” com Eliane Potiguara (escritora, ativista e fundadora da Rede Grumin de Mulheres Indígenas), Larissa Alvarez  (coordenadora do Latam Hub Patentes da Daniel Advogados e autora do artigo “Do manto tupinambá no Brasil e da proteção dos conhecimentos tradicionais”), Professora Juciene Tarairiú (Professora Associada da Universidade Federal de Campina Grande e do Programa de Pós-graduação em História da UFCG), e mediação de Cristiane Portela (professora do Programa de Pós-Graduação em Sustentabilidade junto a Povos e Territórios Tradicionais – MESPT UnB)

15h – Oficina de Confecção de Petynguas com Miguel Verá Mirim, cacique da Aldeia Mata Verde Bonita, multiartista e cineasta

17h – Oficina de Etnomídia Indígena: Comunicação e Resistência com Anápuàka Muniz Tupinambá Hã hã hãe da Rádio Yandê, 1ª mídia indígena do Brasil e empresa social de etnomídia indígena.

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