Primeira vistoria do departamento, em junho, teve objetivo de avançar na validação de operação do sistema; aeroporto também testa sistema de detecção de drones
O Aeroporto de Maricá recebeu a primeira vistoria técnica do Departamento de Controle do Espaço Aéreo (DECEA). O objetivo era avaliar o sistema de monitoramento meteorológico remoto, que está em desenvolvimento. A iniciativa representa um marco tecnológico no Brasil, sendo a primeira aplicação desse tipo em aeroportos regionais. O sistema desenvolvido em Maricá pode beneficiar mais de 500 aeroportos no país.
A Prova de Conceito (PoC) do Serviço de Informação de Voo de Aeródromo Remoto (R-AFIS) foi realizada em junho. Técnicos estiveram simultaneamente na Central R-AFIS, em Juiz de Fora (MG), e nas instalações do aeroporto em Maricá, avaliando a precisão das informações locais e remotas.
O projeto está sendo desenvolvido pela empresa AMD Services em parceria com a Companhia de Desenvolvimento de Maricá (Codemar), responsável pela administração do aeroporto.
Potencial
Além de fortalecer a segurança operacional de Maricá, essa tecnologia pioneira abre caminho para a modernização de mais de 500 aeródromos públicos que, hoje, não contam com Órgão ATS por todo o país. A implantação de soluções remotas com custos reduzidos vai permitir ampliar a cobertura dos serviços de tráfego aéreo. Isto resultará em mais segurança, regularidade e integração ao sistema de navegação aérea brasileiro.

Validação da Operação Remota
A vistoria teve como foco a validação da operação remota do sistema, especialmente a emissão de boletins meteorológicos (METAR/SPECI) com base em imagens de câmeras de alta resolução e dados captados por sensores instalados no aeroporto. Também foram testados os Serviços de Telecomunicações Aeronáuticas, bem como os Serviços Fixos e Móveis Aeronáuticos, além da Informática Operacional que garantem a continuidade e segurança das operações para aviação geral e offshore.
“Ao término do processo, o Aeroporto de Maricá poderá se tornar o primeiro do mundo a oferecer Serviços de Meteorologia Aeronáutica prestados de forma totalmente remota, com o uso de câmeras de alta resolução e sensores de última geração, integrados a sistemas desenvolvidos integralmente no país pela AMD”, ressaltou Marta Magge, diretora de Operações da Codemar.
O potencial desta inovação já vem sendo demonstrado na prática: desde 17 de março de 2025, a operação remota tem funcionado, em paralelo com a observação local, sem qualquer registro de inoperância ou reclamação por parte de pilotos e usuários do aeroporto.
Detecção de drones e segurança operacional

O Aeroporto de Maricá também avaliou uma nova tecnologia voltada à detecção de drones e identificação de seus operadores em um raio aproximado de 10 quilômetros. Essa funcionalidade contribui significativamente para a segurança operacional do espaço aéreo e prevenir acidentes.
“O equipamento nos permite visualizar a atividade de drones na região do aeroporto. Com os dados de localização dos aparelhos e de seus operadores, podemos acionar as equipes responsáveis para realizar as devidas orientações, reforçando a segurança das operações aéreas”, explicou Frederico Ferreira, coordenador do Sistema de Gerenciamento de Segurança Operacional.

O sistema é capaz de identificar cerca de 90% dos modelos de drones em uso no país atualmente. Importante destacar que o equipamento não tem por objetivo desabilitar os dispositivos identificados, essa não é, neste momento, a intenção do aeroporto.
Além de fornecer a posição, o tempo de voo e o trajeto dos drones, o sistema permite que, em situações específicas, a autoridade aeroportuária acione a polícia para abordagem direta ao operador.
O uso de tecnologias que interferem diretamente na operação de drones, como bloqueadores, foi descartado, pois poderia comprometer outras comunicações sem fio no aeroporto e nas regiões vizinhas, gerando riscos e prejuízos.