Casa Museu Darcy Ribeiro é apresentada a jovens no nono episódio do webnário ‘Reconstruindo o Brasil a partir de Darcy Ribeiro’

Espaço está em construção na Praia de Cordeirinho, onde o antropólogo e educador fez o seu lar

A Casa Museu Darcy Ribeiro foi o grande tema do nono webnário “Reconstruindo o Brasil a partir de Darcy Ribeiro”. O projeto, que tem previsão de entrega para os próximos meses, está sendo feito na casa onde o educador e antropólogo viveu, na Praia de Cordeirinho, em Maricá. Tanto o espaço cultural quanto a série de webnários são realizados pela Companhia de Desenvolvimento de Maricá (Codemar), Prefeitura de Maricá e Fundação Darcy Ribeiro. A série tem curadoria de Heloisa Teixeira.

Gringo Cardia mostrou o projeto da Casa Museu Darcy Ribeiro à audiência local e remota. Foto: Reprodução

“A casa está sendo transformada e fizemos um prédio anexo, já que a casa original é pequena. Com a extensão, poderemos mostrar todo o universo de Darcy, um grande pensador do Brasil”, começou Gringo Cardia, arquiteto e responsável pela museografia do espaço.

Segundo Cardia, o complexo vai contar com dois espaços de cinema, sendo um voltado para a temática indígena tão pesquisada por Darcy e o outro para a música. Haverá, ainda, além de bibliotecas e espaços de exposição, estúdios de gravação de podcast e música. A ideia é que a juventude de Maricá ocupe esse espaço e crie pontes com a educação.

Plateia cheia

MC Marechal mostrou a sua arte no webnário. Foto: Reprodução

O artista convidado desta edição da série de palestras híbridas foi MC Marechal. A presença do artista lotou a plateia na sede do Ruasia Maricá e elevou a audiência online. Além de apresentar seu trabalho, o músico falou sobre a educação a partir do rap:

“Essa foi a primeira forma de educação que me conquistou, onde eu me encontrei. Vi referências como Gabriel o Pensador, que me fizeram seguir com suas letras. O rap tem tudo a ver com educação”, garantiu.

Especialista

Rita Rosa é doutora na obra de Darcy Ribeiro e colaboradora da Diretoria de Economia Criativa da Codemar. Foto: Reprodução

A professora Rita Rosa, doutora na obra de Darcy Ribeiro e colaboradora da Diretoria de Economia Criativa e Sustentabilidade da Codemar, empenhada na construção da Casa Museu Darcy Ribeiro, explicou como o espaço vai funcionar:

“Vamos ter espaço para formação continuada de professores, mas também atenderemos estudantes com visitas guiadas e projetos voltados para educação básica e ensino superior. A juventude tem muito espaço no projeto educativo pedagógico da Casa”, afirmou Rita Rosa.

Juventude presente

Para o presidente da Fundação Darcy Ribeiro, José Ronaldo Alves da Cunha, a Casa Museu Darcy Ribeiro tem a missão de ser uma ponte entre gerações baseada na educação.

José Ronaldo Cunha é o presidente da Fundação Darcy Ribeiro. Foto: Reprodução

“O pensamento de Darcy sempre foi para além, para a busca de utopias, e é isso que vamos perseguir na Casa. Vamos receber esses jovens para um encontro com a utopia, um encontro com eles mesmos, com o povo brasileiro. Uma ponte da ancestralidade para o futuro”, discursou José Ronaldo.

Artistas locais se apresentaram ao lado do MC Marechal. Foto: Reprodução

Darcy em Maricá

Foi em Maricá que Darcy se refugiou, doente e depois de fugir do hospital, para concluir o seu livro “O Povo Brasileiro”, uma obra lançada em 1995 e que segue atual e nos ajuda a entender a sociedade brasileira e a construir as ferramentas que nos ajudarão a mudar o que precisa ser reformulado para que o país seja realmente de todos.

No prefácio, o autor cita sua relação com a cidade que o inspirou a finalizar o livro escrito e reescrito por 30 anos:

“Nesses anos todos, o livro, este, ficou por aí, engavetado, amarelando, esperando até hoje. Agora, estou aqui na praia de Maricá, para onde trouxe as pastas com o papelório de suas várias versões”, contou.

“Escrever este livro foi o desafio maior que me propus (…) essa angústia se aguçou porque me vi na iminência de morrer sem concluí-lo. Fugi do hospital, aqui para Maricá, para viver e também para escrevê-lo. Se você, hoje, o tem em mãos para ler, em letras de forma, é porque afinal venci, fazendo-o existir. Tomara”, concluiu.

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