Lagoa Viva analisa bactérias capazes de degradar microplásticos em Maricá

Objetivo é identificar espécies para serem utilizadas na produção dos bioinsumos que revitalizam lagoas de Maricá

Por Marina Mello

A equipe do laboratório de microbiologia da Biofábrica, parte do Projeto Lagoa Viva, iniciou no último mês uma pesquisa para avaliar micro-organismos com capacidade de degradar plásticos. O objetivo é identificar essas bactérias para utilizá-las nos bioinsumos produzidos na Biofábrica e, assim, conseguir reduzir a quantidade de plástico nas lagoas e canais de Maricá.

Khauê Vieira, coordenador científico do Lagoa Viva Foto: Paulo Ávila

Segundo o coordenador científico do Lagoa Viva, Khauê Vieira, existem micro-organismos que são capazes de degradar o plástico.

“Eles são encontrados em diversos locais do mundo, principalmente nos Estados Unidos. Mas, como o processo de importação é demorado, a equipe do projeto decidiu fazer testes para descobrirmos bactérias aqui no Brasil que cumpram esse objetivo. Estamos isolando esses grupos de micro-organismos para identificar se eles são, de fato, capazes de degradar os plásticos”, afirma Khauê.

Diferentes tipos de plásticos em análise

Segundo o coordenador do laboratório de microplásticos, Joel Junior, a principal intenção do estudo é entender como essas bactérias conseguem formar colônias e aderir ao plástico para poder, a partir daí, degradá-lo.

Foto: Paulo Ávila

Nessa primeira análise estão sendo utilizados três tipos de materiais: o P.A, utilizado nas redes de pesca; o pet, material das garrafas pet; e o PEBD – polietileno de baixa densidade, que é encontrado em sacolas de mercado.

Processo da pesquisa

As linhagens das bactérias foram cultivadas na Incubadora Shaker e devem permanecer por um período de aproximadamente cinco semanas. Joel explica que as bactérias foram introduzidas com o plástico em um meio salino, sem nutrientes, para induzir as bactérias a consumirem o material. Elas ficam no shaker, com rotação em 37º C, para criar um ambiente favorável para elas sobreviverem.

Joel Junior, coordenador do Laboratório de Microplásticos Foto: Paulo Ávila

“Três vezes por semana avaliamos se as bactérias estão sobrevivendo com a presença do plástico. Até hoje, elas estão vivas, indicando que estão usando o plástico como fonte de nutrientes”, analisa Joel Junior.

Depois do período, a equipe vai levar os plásticos para serem avaliados em microscópio eletrônico de varredura (MEV). “Essa técnica de visualização é utilizada para observar se as bactérias são capazes de formar biofilme, ou seja, quando as colônias de bactérias se aderem ao plástico formando um filme, a partir dai, devido a tração mecânica, ou liberando enzimas, que auxiliam na quebra dos polímeros e aumentam o poder de degradação delas”, finaliza Joel.

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