Cerca de 4,5 toneladas de pescado cultivado com tecnologia sustentável são destinadas à doação, sendo 1,5 tonelada no Minha Casa Minha Vida de Inoã
O Centro de Inovação em Aquicultura de Maricá (Ciamar) finalizou a despesca do primeiro tanque experimental do ciclo produtivo de tilápias criado em sistema de bioflocos (BFT). O resultado: 4,5 toneladas de pescado de alta qualidade, doadas à Secretaria de Pesca do município para distribuição a famílias. O Ciamar é uma parceria da Companhia de Desenvolvimento de Maricá (Codemar), da Companhia Alimentos Maricá (Amar) e da Universidade Federal Fluminense (UFF).
“Despescamos quase cinco toneladas de peixe nesta parceria da Amar com Codemar e UFF e estamos doando o alimento. Isso mostra entre outras coisas que é possível fazer uma economia voltada para as pessoas, como diz o prefeito Washington Quaquá. O peixe sai do nosso centro e chega na mesa do nosso povo. Isto é política pública transformadora”, avaliou Willian Luz, diretor de Negócios Pesqueiros e Aquicultura da Amar.
Segurança alimentar
As secretarias de Pesca e de Promoção das Comunidades fizeram a entrega de 1,5 tonelada de tilápia do Ciamar e outros peixes doados pelos pescadores do Circuito de Pesca a cerca de 600 famílias que moram no conjunto habitacional Minha Casa, Minha Vida em Inoã. Os atendidos dividiram, ainda, 54 caixas verduras fornecidas pela Secretaria de Agricultura.
“Lá em casa somos seis pessoas: eu e meus filhos. Ganhei seis peixes, então deu direitinho. A gente não tem peixe sempre porque é caro. Estes vou fritar e fazer empanado. Já vão para o almoço”, comemorou a dona de casa Nilda Silveira Souza, de 64 anos.
Produção de peixes
O ensaio, iniciado em outubro de 2024, teve como objetivo avaliar o desempenho da tilápia (Oreochromis niloticus) em diferentes dietas alimentares dentro de um modelo de aquicultura intensiva com uso da tecnologia de bioflocos — um sistema que dispensa renovação constante da água e utiliza comunidades microbianas para manter a qualidade ambiental dos tanques.
De acordo com o relatório técnico parcial, o tanque despescado apresentou resultados considerados expressivos. Com uma taxa de sobrevivência estimada em 96%, os peixes atingiram um peso médio de 570g ao final de 230 dias de cultivo. O lote demonstrou excelente condição corporal e ausência de patologias visíveis.
Além dos dados produtivos, o relatório destaca que outro tanque experimental ainda permanece em cultivo, com desempenho ainda mais promissor. As últimas biometrias indicam ganho de peso cerca de 300g superior ao lote já despescado, com animais atingindo peso médio estimado de 870g.
Tecnologia que alimenta
A tecnologia de bioflocos permite maior controle sobre os parâmetros de qualidade da água, como oxigênio dissolvido, pH e níveis de amônia, e reduz significativamente o impacto ambiental do cultivo. Segundo a equipe técnica, o sistema foi mantido com aeração contínua e manejo criterioso durante todo o ciclo.
“Esse projeto une inovação, sustentabilidade e impacto social direto. É a universidade produzindo conhecimento e alimento ao mesmo tempo”, afirmou o coordenador do Ciamar, Khauê Vieira, responsável pelo relatório.
Os dados finais de desempenho, como o Fator de Conversão Alimentar (FCA) e os gráficos de crescimento, ainda estão sendo compilados e serão divulgados na conclusão do experimento. Fotos e registros do manejo também farão parte do relatório completo.
Enquanto isso, as 4,5 toneladas de tilápia já estão cumprindo seu papel social: chegaram à mesa de centenas de famílias maricaenses, reforçando o papel estratégico da aquicultura na segurança alimentar e no desenvolvimento local sustentável.
