Biotecnologia remove impurezas com menor impacto ambiental; tecnologia foi desenvolvida pela Biotec Maricá, numa parceria da Codemar com a UFF
O bairro de Itaipuaçu ganhou neste sábado (08/07) uma estação de tratamento de esgoto inédita em todo o Brasil e que promete revolucionar o sistema de saneamento básico. É a Mikroete, que usa micro-organismos naturais para fazer o tratamento das impurezas do esgoto doméstico.
A planta de Itaipuaçu é a primeira de uma série de Mikroetes (a palavra vem de micro-organismos). Ela vai atender, inicialmente, residências de mais de 500 pessoas na região do Jardim Atlântico Central.
A Mikroete é resultado do trabalho conjunto da Companhia de Saneamento de Maricá (Sanemar) e da Companhia de Desenvolvimento de Maricá (Codemar), por meio da Biotec, em parceria com a Universidade Federal Fluminense (UFF).
“Eu disse que o saneamento seria o meu desafio, a minha obstinação. Esta estação, sozinha, é pequena, mas ela se soma a intervenções em toda a cidade”, afirmou o prefeito Fabiano Horta, que seguiu: “O somatório tem a ver com a revitalização da lagoa, com a preservação da nossa vocação turística para o nosso futuro”.
Segundo Horta, a Mikroete aponta um caminho para o país: “Vamos ajudar o Brasil a ter alternativas para o saneamento”.
100% natural
O processo é 100% biológico e não afeta o meio ambiente. Funciona assim: o esgoto é coletado pelo método tradicional, com a rede de coleta, passa por uma série de etapas e entra em contato com um conjunto de micro-organismos naturais. Depois, sai tratado da estação, dentro do padrão das normas sanitárias mais rigorosas.
“Estamos trazendo para a cidade um novo método, que é um investimento em pesquisa para melhorar o saneamento na cidade por meio da biotecnologia com baixo custo, otimizando o tratamento, sem impactar a fauna ou a flora local. O processo natural é o diferencial”, disse o presidente da Biotec, Eduardo Britto.
A tecnologia deve gerar renda para Maricá: “Outros municípios virão atrás da solução para o saneamento e nós vamos levar para eles. É renda que entra no município”, finalizou Britto.
A presidente da Sanemar, Rita Rocha, afirmou que a abertura da nova estação de tratamento inaugura uma nova noção de tempo nas obras de saneamento.
“Hoje não é lançamento de obras, é uma entrega. As intervenções de saneamento demoram e estamos trabalhando muito, em obras grandes”, disse.
A estrutura das mikroetes é compacta, com grande parte do tratamento sendo feito dentro de um contêiner.
Biorreator
Os micro-organismos usados no tratamento foram foram retirados anteriormente do próprio esgoto do local. São a parte boa do esgoto (chamada de microbiota boa), mas originalmente são em quantidade muito pequena. Ou seja, sozinhos não podem fazer muita coisa.
Então, após coletados e separados em laboratório, eles são multiplicados bilhões de vezes, alcançando uma quantidade que consegue fazer o tratamento degradando os poluentes e matéria-orgânica. Essa multiplicação é feita por um equipamento chamado Biorreator Microbiológico Integrado.
Processo
Com a biotecnologia, o efluente (resíduos) passa por todo o processo de filtragem e purificação, tratando o esgoto de forma completamente natural com eficiência de até 98% na remoção de impurezas.